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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

[Entrevista] Nathan Thrall - Ex Baterista do Avec Tristesse

Eu e o Tito conhecemos os caras do Avec Tristesse num show que fomos aqui em SP, quando eles estavam divulgando o álbum "How Innocence Dies" (review lá embaixo!). Se bem me lembro, dali surgiu um msn que perdurou durantes os anos e acabou dando nesta entrevista abaixo.

Divirtam-se com Nathan Thrall e as histórias do Avec Tristesse!

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- Fala Nathan, beleza?
Beleza meu caro!

- Primeiramente, parabéns por todo o trabalho feito no Avec Tristesse. O Abbath com certeza tiraria o chapéu mágico pra vocês.
Obrigado, muito bacana mesmo depois desse tempo todo, ainda ter uns loucos para lembrar do trabalho e abrir uma conversa dessas!!! rs
Acredito que o Abbath bateria com o chapéu na gente chamando de poser que quer fazer música para pegar mulher, pensando que vamos agradar alguém misturando tantos estilos numa música só!

- Diz a lenda que toda banda nasce de uma idéia idiota, mas a minha percepção é a de que o Avec Tristesse nasceu de uma idéia mais elaborada, de disseminar a tristeza através dos quatro cantos do mundo e tal... poderia contar um pouco do processo de criação da banda?
Pedro que era do Asthar, estava de saco cheio de não pegar ninguém com aquele som metal/celta e quis montar a bandinha dele. Na época eu tinha uma banda de trOO/Viking/carioca/metal e não quis saber de boiolagem sentimental e ele fez uns ensaios com uma turma, da qual só ficou o baixista Rafael. Acabei entrando com a promessa de pegar mais mulheres e melhores que as bêbadas trOO, pois o lance sentimental abrangeria as possibilidades.
Acredito não ser uma ideia tão idiota assim!
Só que eu me dei mal, pois na banda de Viking eu era vocal e o safado do Pedro me ofereceu a bateria e fiquei lá atrás escondido e era o último a sair do palco por causa daquela quantidade idiota de equipamentos... E quando descia do palco eles já tinham pegado as mais gatas e só sobravam umas mais feias que as bêbadas trOO!!!!!!!!


- A Encyclopaedia Metallum diz que o Avec Tristesse é uma banda de Dark/Extreme Progessive Metal, um título de estilo, digno de um cara "From Hell". O que você acha do rótulo, e de que diabos vocês chamavam o som do Avec quando você ainda estava lá?
Em todos esses anos foi a 1ª vez que vi a banda com esse rótulo! Eu gostei, mas não vejo muito progressivo na banda até o 3º CD (que nunca foi lançado). Possivelmente hoje em dia seria um pouco mais prog. Sempre achei o rótulo Dark Metal bem encaixado. Eu curtia por ser exatamente o que a gente fazia, e por não ter outra banda assim no Brasil com o rótulo e com esse tipo de som. Foi muito bom ser a 1ª banda considerada Dark Metal no Brasil e alcançar o pouco que conseguimos.

- Cara.. você tocava aquela bateria infernal britadeira e ainda cantava. Não dava nó no cérebro? Você tinha que ficar treinando naqueles joguinhos de aumentar a capacidade cerebral (tipo teste de QI) pra fazer a coisa toda?
Cara, tinha uma parte na música "Lost in your Complexity" que eu fazia um blastbeat e cantava, e eu simplesmente quase desmaiava ao vivo!! (2:20 e 2:35) Mas o lance era só esforço físico, não um problema para um cara com QI 167 como eu. ;)

- Eu sempre achei as letras e músicas do Avec muito boas. Em especial minhas duas músicas favoritas, "A View of The End" e "Lost in Your Complexity", onde vocês exploram bastante o dueto de vocal gutural entre você e o Pedro Salles (aliás esse dueto funciona bem em várias músicas). A idéia era fazer a banda soar ainda mais extrema, e assim atrair aqueles Black Metalliers que só dão rolê de camiseta do Hellhammer e do Darkthrone?
Nunca rolou uma intenção disso ou daquilo, muito menos atrair cabeludos de camisa de banda!!!!!!!!!!!
A gente nem sabia como rotular o nosso som! Chegamos na gravadora e foram eles que falaram que estávamos fazendo Dark Metal. Os duetos de vocal rolaram porque eu sou exibido e queria cantar também. Acho que o Pedro só gostava porque assim conseguia parar de cantar e escolher a gatinha mais apanhada do público para largar a guitarra e 'ir para o abraço' e beber enquanto o mané aqui tinha que ficar no mínimo mais 1 hora no palco guardando tudo.

- Os caras do Avec Tristesse eram metaleiros true, daqueles que andam com cinto de bala ou eram metaleiros dark, daqueles que escutam doom no talo e deixam a vizinhança com instinto suicida? O relacionamento entre vocês eram de boa?
O Rafael é mais thrasher bebum, Pedro e eu somos mais doomzeiros bebuns, mas todos somos bem ecléticos dentro e fora do metal.
Sim, funcionava muito bem, eles ficavam na frente e eu ficava atrás deles, no palco.

- O Encarte do álbum "How Innocence Dies" (2003) tem uma qualidade muito boa, com umas fotos tiradas no metro do RJ e tal. Porém, o mais da hora são as letras, que vem com cores diferentes nas frases de acordo com quem está cantando, para os From Hells de plantão poderem cantar junto e no tempo certo com toda a família. Vai sair alguma versão pra videokê?
A gente pensou em fazer um videokê e toda vez que um estivesse cantando aparecia a nossa cara, mas a gravadora não apoiou! A outra ideia era fazer versões infantis das músicas e chamar ótimas cantoras para isso. A Xuxa não respondeu, o produtor da Angélica enviou um e-mail com xingamentos, a Mara Maravilha disse ter compromissos religiosos e só a Wannessa Camargo se interessou, mas aí pensamos que ia ficar feio demais na voz dela, mesmo com a quantidade de auto-tune que ela usa.

- Agora um fato verídico.. Eu e o Tito conhecemos vocês, numa festa antigassa que se chamava Halloween da Gothznews, que foi na Rua Henrique Schaumann em SP. Vocês fizeram um show e a qualidade do som estava um LIXO, tiveram que tirar som do nada hahahaha. Essa falta de lugar bom pra tocar e a falta de respeito dos organizadores com a galera que toca é um saco, não é não? Vocês sofreram coisas similares em outros lugares?
Ahhh, essa é a história do cenário metal brazuca. A banda acabou e a maioria acaba porque não existe estrutura. Chega uma hora que você precisa cuidar da sua vida e sair da aba da família. Nosso pensamento era partir do Brasil com a banda, mas as coisas mudam de realidade e o mais longe que fomos foi ali no sul do país.
A grande maioria dos produtores não sacam nada de produção, equipamento de som e palco e o público também não saca nada em sua maioria, logo fica tudo nivelado por baixo.

- Você saiu da banda, correto? E faz tempo que não ouvimos nada novo do Avec... O que aconteceu com a banda? Certeza que o cara do Opeth ia dar rolê na Galeria do Rock com a camiseta do terceiro álbum de vocês...
Po, eu sai a banda acabou!! Quer motivo melhor!? uahauhauahuaha
Eu me afastei no meio da gravação do 3º CD e até hoje o Pedro não lançou. Mas a verdade é que a nossa gravadora Hellion morreu e o Pedro acabou pagando tudo do bolso e não tem tempo nem saco para finalizar os detalhes do CD e da arte, e ainda correr atrás de gravadora para lançar. Grande parte desse serviço ficava comigo.
Quem foi no show do T'opeth't e me conhecia, me viu no palco e fotografando no show. Até gritaram Avec!!uahuah
Eu estava com parte da produção e almocei com eles na churrascaria e depois autografei todos os meus cd's no camarim tomando cerveja com o Mike e ele dando em cima da minha namorada na época!! Se ele visse a atual eu ia ter que dar umas porradas nele!!!!


- Para aquele nego que curte Metal mais do que da própria mãe (se não for true o Abbath não aprova!), tem algum jeito do cara conseguir os dois álbuns do Avec, ou o negócio esgotou de vez?
O 1º CD o Pedro tem de sobra o 2º não sei.

- Vocês abriram para o Dimmu não foi? Os caras são simpáticos, são de boa, ou são tão undergrounds que cumprimentam no vocal gutural (EAEEEEEEEEEEEEHGGGGGGGGGGGGRRRRRREEEEEEEEWWWWWWWWWW)?
Você acha que eu fui lá bater no camarim deles para pagar um pau e ser chutado para fora???
Se fosse o Opeth ou Katatonia eu ia!!


- E você Nathan, pretende continuar tocando batera em alguma banda? Se você conseguir tocar um teclado com uma mão, batera com a outra e cantar dá pra fazer uma demo de uma one-man band!
Cara, eu larguei a bateria depois que sai do Avec. Tive propostas indecentes, mas a melhor foi posar na G Magazine. Mas depois que viram minha pança de chopp chamaram o Frota mesmo.
Tenho um projeto 'toco-quase-tudo' chamado Empty Room, mas não toco nenhum instrumento bem de verdade, então hoje estou tocando contra-baixo no fone para não ser processado e agredido pela vizinhança.

- Valeu mesmo pela entrevista, e parabéns de novo pelo trabalho que você desenvolveu no Avec Tristesse. Eu continuo achando uma das bandas nacionais de metal mais bacanas que já apareceram por aí. Boa sorte também nos testes de QI, mas fazendo blast beat e cantando frases nervosas como "THE FROOOOOOOOOOST IS INSIDE YOU, CARRRRRRRRRYIIIIIIIIING YOU THROUUUUGHHHHHHHH" você tira de letra!
AHAH, beleza, valeu a oportunidade que me fez sentir aquele gostinho de ter uma banda novamente!

Desejo muitos acessos ao blog e que vocês continuem divertindo a gente com muito besteirol e entrevistas com desconhecidos de bandas mortas!

Hailll!!!!!!!!!!

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Gostaria de agradecer o Nathan por ter respondido a entrevista, e gostaria de divulgar um pouco do seu trabalho(o sério) aqui no blog:

www.flickr.com/photos/nathan_thrall/
www.nathanthrall.com.br

Abraços e até a próxima!

2 comentários:

CarZombiE disse...

Aeh dahora a entrevista, muito Tr00 \m/

biscoitagem disse...

HAHAHAHAHAH Ri muito!
O Nathan é uma figura, queria que a banda continuasse, é uma pena mesmo. :/

Ai, seria bom uma campanha nacional pra lançar esse CD pendente. :D